Invejo a paz dos homens nos aeroportos
Os comissários fardados rumando para o embarque
Invejo os condomínios fechados
os apartamentos bem decorados
as casas de muro alto
com seus cães de guarda
Invejo todas as coisas normais
que a toda hora sucedem
e todos os loucos breves
e as viúvas sadias com seus netos
Sinto inveja dos animais domésticos
e dos filhos que se despedem
e seguem pra escola
E por último dei para ter inveja
dos quartos bem arrumados
dos banheiros limpos
das cozinhas azulejadas e dos eletrodomésticos
E como se não bastasse
eu que sou devastado
e a tudo devasto com minha lava
invejo meus próprios versos
e a paz daqueles que os lêem
em suas casas
nos seus apês apertados
nas suas varandas amplas
nos seus sanitários brancos
nas suas invejas leves
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