Agora que acalmaste meu tornado
e que aceitei tua flecha
sobre a minha carne
Agora que me fecundaste com a medida
e que me deste margens
Agora que pousaste a mão
sobre o meu medo
Vês como as palavras nascem de mim
pausadas
e como tornei-me brisa
ateada sobre o pranto?
Desde que me concedeste tua máscara,
deus solar,
a noite que eu trazia
perdeu o gume terrível
Vem, amigo, vem ver
como, mesmo diante do sangue,
tornamos bela
a dor para esses gregos
Poema publicado em Invenção de Eurídice, 2004
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