O teu demônio me segue
anos a fio
Tece flores para mim
divide meu corpo em partes
Ele me culpa
acena feliz por trás das labaredas
dança ao meu redor
cresce como uma planta
aparo suas bordas seu rabo seus chifres
O teu demônio me encanta
como um retrato antigo amarelado
uma xícara de louça no mercado
O teu demônio me espanta
canta para mim todas as noites
me arde me explora me atormenta
O hálito quente sobre a minha boca
a febre sempre
O teu demônio vai embora hoje
eu fujo dentro dele a galope
e vivo dentro dele feito um passarinho
feito uma coisa miúda enorme pobre
dilatada como um crucifixo
dura como uma esmeralda
Me esmero e espero
um dia me chamo Laura
tu me abocanhas os peitos
eu te abocanho a alma
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Um lance de dardos jamais abolirá a distância.
ResponderExcluirSão belos os seus poemas. Há sempre alguma melancolia na folia. E na sofia.
Abraço.
Mas não sei amar como as criancinhas.
ResponderExcluirNão quero amor burguês
líquido
neoliberal
passatempo.
Calar.
Que saia luz destruidora da minha mão
com a força do meu pensamento.
Poesia de Ferreira Gullar.
Uma palavra
e ir para além da superfície
da reificação
da limitação do amor comum,
cheio de guerras e fomes.
Quero te amar.
Desde o início.
E fugi das explicações para isso.
Me confundindo sempre.
Quero viver
e pensar livremente.
Porque nenhum amor burguês custa
o mesmo que um amor à sabedoria.
"De O Pequeno Barracão de Feira no Pequeno Planeta 'Terra'
ResponderExcluir12
Maldito -
- Maldito - maldito -
- Aquele demônio,
Que -
- Na pátia dividida
Quebrou
Nossas vidas
De terra firme - em borrifos
de Morte, -
Que me apartou para sempre
De
Ti -
- Para que -
- Eu -
- Te odiasse por isso
-E -
- A mim! "
Um comentário complementar ao tema, feita pelo poeta Andréi Biéli. Ambas as melodias parecem ter o mesmo objetivo, em dois momentos diferentes. Abraços.