quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Caio Fernando Abreu, o intenso educador

" Cuidamos das opiniões e do saber alheios e pronto; é preciso torná-los nossos."
Michel de Montaigne

por Karina Santos( 16 anos), aluna do IFF-Cabo Frio

"Intenso. Não poderia começar a falar dele com outra palavra. Nele há a coragem e a transparência da dor, a coragem de doar vazios a outros vazios. Dedico minha intensidade a quem me tornou intensa, um mestre chamado Caio Fernando Abreu.
Acho que nunca foi a intenção dele ser um educador, nem ensinar algo a alguém, mas foi isso que ele fez comigo, me apresentou outros mundos, dando valor a íntimas e pequenas coisas com a intensa forma de seus passos. Ainda aprendo, me encanto, me apaixono cada vez mais com suas palavras. Ele não era só um mestre literário, mas um mestre da vida."


Um comentário:

  1. Intenso, sim. E transparente. Mas ouso discordar da Karina quando ela fala sobre "doar vazios". Não, não acho que o Caio tivesse a intenção de doar nada, de mudar ninguém. Ele só queria exorcizar seus PRÓPRIOS demônios na tentativa de descobrir como preencher seus PRÓPRIOS vazios. E é nessa honestidade, nessa transparência, que consiste a identificação de qualquer um com sua obra. Você consegue ver claramente os seus vazios, medos e demônios nas palavras de Caio. Você se enxerga nele. E o momento em que entra em contato com estas palavras, é como se ambos os vazios, seu e dele, se fundissem, e de alguma forma que biologia, química e física muito provavelmente haveriam de discordar, tornassem-se um, inteiro. O sangue que se vê pingar de cada palavra do seu texto anuncia que foram retiradas do mais fundo: seu, dele e de todo mundo. Ele explorava cada centímetro do humano e transformava em poesia. Ele foi um educador, sim, e dos mais abusados. Sua coragem se mostrava justamente nessa exposição de feridas, de todas elas. O que ele fazia magnífica e apaixonantemente.
    "Ainda aprendo, me encanto, me apaixono cada vez mais com suas palavras."

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