" Cuidamos das opiniões e do saber alheios e pronto; é preciso torná-los nossos."
Michel de Montaigne
por Karina Santos( 16 anos), aluna do IFF-Cabo Frio
"Intenso. Não poderia começar a falar dele com outra palavra. Nele há a coragem e a transparência da dor, a coragem de doar vazios a outros vazios. Dedico minha intensidade a quem me tornou intensa, um mestre chamado Caio Fernando Abreu.
Acho que nunca foi a intenção dele ser um educador, nem ensinar algo a alguém, mas foi isso que ele fez comigo, me apresentou outros mundos, dando valor a íntimas e pequenas coisas com a intensa forma de seus passos. Ainda aprendo, me encanto, me apaixono cada vez mais com suas palavras. Ele não era só um mestre literário, mas um mestre da vida."
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Intenso, sim. E transparente. Mas ouso discordar da Karina quando ela fala sobre "doar vazios". Não, não acho que o Caio tivesse a intenção de doar nada, de mudar ninguém. Ele só queria exorcizar seus PRÓPRIOS demônios na tentativa de descobrir como preencher seus PRÓPRIOS vazios. E é nessa honestidade, nessa transparência, que consiste a identificação de qualquer um com sua obra. Você consegue ver claramente os seus vazios, medos e demônios nas palavras de Caio. Você se enxerga nele. E o momento em que entra em contato com estas palavras, é como se ambos os vazios, seu e dele, se fundissem, e de alguma forma que biologia, química e física muito provavelmente haveriam de discordar, tornassem-se um, inteiro. O sangue que se vê pingar de cada palavra do seu texto anuncia que foram retiradas do mais fundo: seu, dele e de todo mundo. Ele explorava cada centímetro do humano e transformava em poesia. Ele foi um educador, sim, e dos mais abusados. Sua coragem se mostrava justamente nessa exposição de feridas, de todas elas. O que ele fazia magnífica e apaixonantemente.
ResponderExcluir"Ainda aprendo, me encanto, me apaixono cada vez mais com suas palavras."