sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Praia de Ponta Negra

" Nada, nada, nadador...”
Jorge de Lima

Nadei tanto, tanto, tanto
fosse noite ou fosse dia
anfíbio eu era
metade água, outra terra

Sobrevivi porque contei tudo ao mar
ele sabe como respiro
guardei lá meus gritos
e misturei minhas lágrimas a seus sais

Fui queimada por algas
e, alentada pela espuma leve,
dei minha dor às ondas

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Caio Fernando Abreu, o intenso educador

" Cuidamos das opiniões e do saber alheios e pronto; é preciso torná-los nossos."
Michel de Montaigne

por Karina Santos( 16 anos), aluna do IFF-Cabo Frio

"Intenso. Não poderia começar a falar dele com outra palavra. Nele há a coragem e a transparência da dor, a coragem de doar vazios a outros vazios. Dedico minha intensidade a quem me tornou intensa, um mestre chamado Caio Fernando Abreu.
Acho que nunca foi a intenção dele ser um educador, nem ensinar algo a alguém, mas foi isso que ele fez comigo, me apresentou outros mundos, dando valor a íntimas e pequenas coisas com a intensa forma de seus passos. Ainda aprendo, me encanto, me apaixono cada vez mais com suas palavras. Ele não era só um mestre literário, mas um mestre da vida."


Pedantismo


"Cumpre entretanto indagar quem sabe melhor e não quem sabe mais." - Michel de Montaigne



"Ao ter uma atitude pedante, o indivíduo não permite críticas nem aprendizado, já que acha que sabe tudo, porém sabe muito menos do que acha que sabe. Logo, o pedantismo cria uma barreira entre o pedante e o mundo ao seu redor, impedindo o conhecimento, um desenvolvimento. Ou seja, ao dizer que não precisa da sabedoria do outro, a pessoa pode até evoluir em alguns aspectos intelectuais por conta própria, mas não necessariamente essa evolução será sustentável. O indivíduo não se desenvolverá, pois em muitos outros aspectos ele estará errando, por exemplo, ao não ser modesto. Portanto, de nada vale a sabedoria estagnada, que não se move de forma recíproca, não é passada nem recebida. Então uma outra dimensão é construída pelo pedante, como um "autista", negando-se ao externo, entretanto, internamente se negando. Pois, a meu ver, é inerente ao ser a natureza social, a troca, o convívio, assim, este irá contra sua espécie, até chegar à desumanização do humano, ao animalesco. Mas era destinado a pensar, fazer pensar, já que existe, pois, para pensar. Será?"




Matheus Maciel (15 anos), aluno do IFF Cabo Frio