sábado, 18 de junho de 2011

Poema para Pedro, o muito

"Muchacha en la ventana" Salvador Dalí,1925





Por tanto tempo amei Pedro
que já o deixara há anos
e ainda era cedo
e não havia mais jeito
e no entanto eu amava
como uma espécie de bicho que aguarda
como uma espécie de massa descansando

E Pedro era Pedro e muitos
não era um só
mas todos que eu ia amando pelo mundo
Em cada um era Pedro
em cada Pedro um segundo
mil e único
Vento estúpido, vento estúpido,
por que me fizeste uma só para um homem múltiplo?
Por que de mim não fizeste também tantas Marias
por tantos Pedros pecada
por tantos Pedros navegada?
Ao invés me deixaste só
sendo só uma e mais nada
Quando no fundo eu queria
ser as outras Marias
que Pedro também amava
e ser as outras mulheres com quem Pedro deitava
Vento estúpido, deus do múltiplo,
tu não me deste esta dádiva

Um comentário:

  1. Ah... Pedro... Já recitei esse poema em algum sarau que participei...

    Abraços

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