segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ariadne

I

Foi exatamente isso que ela fez
Fugiu com o trapezista do circo
Largou terras, pratarias,
todos os bens da família
todos os deveres leais
Por isso agora vive numa tenda
e é errante, fumante, amante
pobre, pobre, pobre de marré, marré marré
e rica, rica, rica de muitas marés

Mas quem te ancora, mulher,
quando o vendaval vem solto sobre as águas?
Quem pode te proteger?
Foi nisso que deu
Quem mandou fugir com o trapezista de circo, menina?

E a moça fugitiva canta tentando esquecer:
Eu sou pobre, pobre, pobre de marré, marré, marré
e sou rica, rica, rica de muitas marés

II
Mas quem disse que o trapezista de circo
queria mesmo essa moça de família, seda e mimos?
Quem disse que não era mais uma forma de poder?
De querer vencer os ares e desafiar os lares?
Exibi-la pelos bares
como conquista circense
bicho doméstico domado
pela força de mil artes?

Que será dessa mocinha na mão desse saltimbanco?
Será que será trapezista
ou lavará o chão que ele pisa?

O restante dessa estória
só o destino vai dizer

III

Alguém por aí versado em mitologia
pode até dar um palpite:
Talvez seja um destino de Ariadne,
largada por Teseu,
resgatada por Dioniso...

Mas pode ser que não seja
e para dizer a verdade
talvez essa Ariadne
não queira nem circo, nem pátria
talvez ela mesma se salve
Isso só o diabo sabe

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