terça-feira, 13 de outubro de 2015

Os poemas que não posso fazer para você

Já não posso te escrever
nem cartas, nem bilhetes
nem disfarces dos deuses
nem ouvir os instrumentos que tocas
seu delicioso canto de sereia
atravesso o mar ilhada
cercada por muros e palavras
que nunca mais serão ditas
aprendi esse silêncio
um novo jeito mudo, quieto, apaziguado
entre lembranças e  variadas facas na cozinha
marcas dos seus filmes,
e flautas
marcas do seu canto, das cordas do seu violão,
do teclado, dos tambores, dos seus  humores
com a quietude de bichos silenciosos
fico olhando de longe
e o que já não posso dizer
secretamente escancaro
em tintas de caneta e mágoa

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